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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Deneuve em ótima performance em “De Cabeça Erguida”

Filme “De Cabeça Erguida”, de Emmanuelle Bercot, aposta no talento peso da estrela Catherine Deneuve para chamar a atenção sobre um drama que discute um tema árido e recorrente – os menores infratores, questão candente na França e ainda mais no Brasil.

Deneuve é uma atriz experiente (já fora premiada em Cannes 2015 pelo ainda inédito “Mon Roi”) e diretora voltada a dramas intimistas (como “Ela Vai”, com a mesma Catherine Deneuve) Emmanuelle Bercot focaliza este tema social a partir de uma opção por não sair demais de sua zona de conforto. Ou seja, o melodrama prevalece sobre a investigação sócio-política, o que é bom e ruim.

A escolha mostra-se positiva quando se salienta o aspecto emocional/afetivo destroçado do garoto, uma trajetória que o conduz a esse ódio sem freios que ele volta inclusive contra si mesmo e o encaminha ao mundo do crime. O enfoque também se mostra apropriado para enfatizar sua relação ambígua com a mãe irresponsável (Sara Forestier), frágil ela também – e uma personagem que o roteiro poderia ter construído melhor.

A adesão destes dois ao menino, ainda que muitas vezes ele não corresponda, resumem uma tomada de posição do filme, que é humanista, não policial. Num tempo em que muitos demonstram ter desistido de procurar uma estratégia minimamente vinculada a algum grau de civilização frente a adolescentes infratores, “De Cabeça Erguida” é um bem-vindo contraponto.


No entanto, “De Cabeça Erguida”, não é grande cinema. Em originalidade, força, contundência e economia narrativa, fica anos-luz distante da produção belga. O filme também chega ao Brasil em boa hora.

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